AMIGDALITE
Mais uma vez, estou doente.
Minha garganta arranhada, doída como se tivesse algo
não sei se placas, se facas,
Ou se o que a rasgou, foi o delicado e leitoso
Que até então parecia inofense
Tudo começou no dia do jogo do Brasil, o primeiro, tendo vitória nossa com dois gols de Richarlisson e muitos estouros de pipoca. A pipoca, como o resto das coisas, é bonita, mas traiçoeira. Tem partes sensíveis ao tato, fofas e brancas. A porta de entrada pra qualquer buraco. Lembremos que até a mão que afaga é a mesma que bate. E tudo isso me surpreende; poder receber, a qualquer momento, um tapa, cair do cavalo que a tão pouco me permitia sentir o vento no rosto, ou ficar com uma casca presa na garganta arranhando e machucando, tudo sem aviso prévio. E você, humano, que lide com isso. Você estourou a pipoca com todas suas tecnologias, ondas magnéticas afogando milhos em um rio de progresso. Micro-ondas. Você não colheu o milho e muito mal colhe a pipoca pronta no balde, dando de mão nela e a mão dando ela a boca, logo abaixo dos olhos, que estão centrados na bunda de um jogador levantando o short. Entre um escanteio e outro.
Sendo como foi, e vendo apenas dessa forma, preciso resolver a situação da minha garganta. Preciso ir ao hospital. Chegarei lá com casca na garganta e casca no corpo, negra, que me faz temer a forma como irão me atender e me entender, doente necessitado de ajuda e amparo.
Queria muito dizer para terem "cuidado comigo, sou frágil, um objeto de arte". Mas não sei se vão me ouvir. Desde a infância não me sinto ouvido. Não era fácil no interior, no campo. Gritar quem eu era causava eco e me assustava. Era o que eu pensava sobre mim, sendo redito pelo vento, mais forte. Na cidade, por mais que eu grite, meu barulho não parece ser mais alto que a porta estragada do ônibus abrindo e a metrópole acontecendo.
Mas sou visto. Hora ou outra alguém vem com contemplações rápidas e passageiras. Bobas e vazias. Ressoa o que sei e não adiciona nada. Elogio pra mim é receber um convite, receber afeto e ser cuidado. A minha imagem eu sei que é foda. Uma das únicas coisas que restou nesse templo, vítima constante de incêndio; como se. eu fosse a imagem de. um santo.
Minha amiga Stefany, ontem deu a entender que eu não era santo. Outro dia, ela e Luana, fizeram eu entender que não podia ser Cyberviking. Acho que com isso, me resta ser o mesminho negrinho di sempre. Rapo meu cabelo, deixo crescer os pentelho. Em volta do único eu que talvez satisfaça as sinhás.
Não se enganem. Sou frágil, a vida que me encheu de espinhos. E me incuti cascas. Sou santo, as pessoas que buscam o demônio em mim. Sou orgânico e natural, podendo estourar como uma pipoca, mas é mais provável que eu apenas me mantenha, como objeto de arte - interessado apenas em estourar a sua compreensão da realidade, com meu jeito amanteigado, sabor cinema.
nika ;)
"Carreta pega fogo, mas imagem de Nossa Senhora Aparecida fica intacta em MS... - Veja mais em https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2022/07/29/carreta-pega-fogo-mas-imagem-de-nossa-senhora-aparecida-fica-intacta-em-ms.htm?cmpid=copiaecola"
Ou vc é como areia, parece inofensiva... até cair nos seus olhos
ResponderExcluiruma safada precisando tomar
ResponderExcluiramoxicilina
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